Sempre soube que nossas refeições deveriam ser coloridas para serem saudáveis. Pois bem, bastasse isso, um prato cheio de jujubas ou M&M’s seria a garantia do faz-me bem. Brincadeiras à parte, nunca tive motivos para me preocupar com algo além da paleta de cores, pois sempre estive com a saúde em dia e “sempre me alimentei muito bem”. Entretanto, no suave somatório de míseros 2 quilos anuais, após uma década, encontrei-me 20 kg mais gordo. Não, ninguém próximo de mim reparou que ganhei 25% do meu peso em 10 anos, tampouco chamaram-me de gordinho, talvez por falta de coragem ou, pior, porque nós seres humanos não temos a capacidade de perceber mudanças lentas em nosso entorno. Ou ainda, simplesmente, porque estávamos todos no mesmo barco. Para ser mais claro, na data de meu noivado, eu pesava quase 80 kg e já nas bodas de latão, quase 100 kg. Fui vítima do famoso clichê “casamento engorda” ou simplesmente era o caminho inevitável do envelhecimento? Por anos, acreditei que isso era algo normal.
De qualquer forma, nada disso me incomodava, visto que não estava barrigudo ou com nenhum outro indício aparente de risco à saúde. Minha pressão sempre batia os 12 por 8, sempre, até o dia que, inexplicavelmente (para mim), subiu para 15 por 9. Certamente, uma medição errada! Por duas vezes, em consultas diferentes? Não. Não sou mais o homem de ferro. Mas o que será que aconteceu? Onde estava aquele David que não ficava doente nem tampouco precisava de remédios? A verdade é que eu estava ali, paradinho, sentadinho, no mesmo lugar de sempre (mais um problema), me alimentando como de costume, com os mesmos hábitos de quando tinha 20 anos.
E assim como em meus 20 anos, continuo acreditando que sou ateu e defendo a minha crença na natureza, com enorme respeito e admiração pela grande mãe. Foi então que, no ano passado, recebi um belo tapa na cara, na hora do almoço de um curso de renascimento que fiz em Florianópolis. Após dias de bom papo, a elegante Fanny Vanlaere afirmou categoricamente: “Você deve se alimentar melhor! Deixe de lado os alimentos industriais e alimente-se exclusivamente de alimentos naturais!” Foi aí que percebi, enquanto exímio cidadão urbano, que minha conexão com a natureza era praticamente zero. Bem, se realmente acredito ser ela a razão de tudo, apenas não jogar papel no chão era muito pouco para me conectar com fogo, água terra e ar. Nosso cotidiano nas grandes cidades nos afasta tanto de nossa essência, do ser in natura, que até o que comemos não é mais natural. Mesmo o tomate e o alface da salada, são transgênicos e cheios de agrotóxicos. Andamos sobre concretos, respiramos ares cinzas, nos banhamos (eu raramente) em ondas de derramamentos de óleo ou coliformes fecais. Nem as estrelas conseguimos enxergar. Fanny terminou: “Faz um teste? Deixe de comer carne, açúcar refinado, sal refinado, biscoitos, alimentos com ingredientes que você não sabe o que são. Você não pode fazer este teste?” E foi assim, talvez como quem quisesse comprovar que o teste não teria grandes resultados, que topei o desafio.
Menos de um ano depois, agradeço imensamente pela luz recebida. Neste momento, não listarei as vantagens que minha nova alimentação me trouxe, apenas quero deixar registrado que perdi os 20 kg e que recuperei minha forma física e mental dos tempos de faculdade. Claro, como filho de médicos que sou, fiz os devidos acompanhamentos e exames que corroboram o quanto minha saúde melhorou. Há um ano, mergulhei num mundo de informação e conhecimento sobre alimentação, me encantando com as possibilidades de causa e efeito dos alimentos e enxergando muito daquilo que a indústria alimentícia não quer que enxerguemos. O FoodMed não é um site que visa a pregar modelos comportamentais nem tampouco impor dietas à pessoas, mas sim, que deseja informar com clareza os aspectos que envolvem nossa alimentação. Queremos ao menos que você leia os rótulos e possa avaliar os riscos e impactos dos alimentos em sua saúde e na saúde daqueles que você ama.
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